´PULSEIRAS DO SEXO´ - Educadores e alunos dividem opiniões

Policiais consideram moda promíscua, professores orientam e estudantes criticam o que é "falso moralismo"
Quixadá. A mania das pulseirinhas coloridas começou a preocupar a polícia e os professores de escolas públicas e particulares de Quixadá, quando uma adolescente desta cidade foi atacada por um rapaz.

Não se sabe ao certo se a notícia é verdadeira ou boato. Por enquanto não há nenhum registro nos órgãos oficias. Mas alunos comentavam na porta do Colégio Estadual, como é conhecida a Escola de Ensino Médio Governador Virgilio Távora, uma das mais antigas da cidade: "Uma menina que usava uma pulseira preta quase foi estuprada". Isso foi o suficiente para equipes do PM & Escola e Proerd começarem a passar nas salas de aula alertando as meninas sobre os riscos dos braceletes coloridos.

O Cabo PM Cila Rodrigues, coordenador do Proerd em Quixadá, se referiu à medida como uma "orientação", uma maneira mais elegante de inibir as adolescentes de usarem as pulseiras. Para ele, o artefato plástico disponível em 11 cores tem forte apelo sexual. "O uso foi proibido na maioria das escolas da cidade", afirma.

Os jovens discordam da postura adotada pela polícia. Para eles, mais do que uma questão de moralização, a medida conota falta de confiança. Os apelos são muitos. "Mas isso não ocorre porque quem nasceu para o bem jamais vai se render à promiscuidade. Os apelos ao sexo estão expostos todos os dias. As meninas aprendem isso ainda pequenas, mesmo antes da puberdade", desabafa a estudante Cláudia Moreira Ferreira.

Conversa

Ao tomar conhecimento da venda das pulseiras na cidade e dos problemas de violência ocorridos em outras, o diretor da Escola de Ensino Médio Coronel Vírgilio Távora, professor Ednaldo Fernandes, resolveu conversar com seus alunos. A iniciativa está surtindo efeito. Agora, o número de alunos com os pulsos coloridos pelos corredores é bem menor. Na opinião dele, a conscientização e o diálogo são as melhores formas de evitar os riscos da brincadeira.

O presidente da subsecção regional da OAB, com sede em Quixadá, advogado Gladson Alves do Nascimento, é a favor da proibição da pulseira. Ele considera a moda um atentado aos costumes e à moral, principalmente dos adolescentes.

Mesmo restrita a venda a maiores de idade, com certeza continuará chegando às mãos dos menores. A melhor maneira de evitar riscos é tirar a mania de circulação. "Trata-se de uma perigosa brincadeira erótica".

Enquanto as opiniões se dividem, comerciantes aproveitam. Queda nas vendas apenas no dia da divulgação na televisão sobre o estupro de duas meninas, no Sul do País. "Mas logo o medo passa e as pessoas voltam a comprar", comenta uma vendedora, pedindo para não ter seu nome revelado.

Por conta da maneira como são utilizadas - no jogo é preciso quebrar para alcançar a prenda - a procura é constante. Mas ela garante que somente os adultos se interessam pelas "cores perigosas" e pelo jogo.

Se educadores e policiais estão preocupados com os riscos, o que dizer de uma mãe de quatro adolescentes, todas na faixa etária dos 14 aos 19 anos?

A autônoma Maria José de Oliveira recorda com saudade dos tempos de menina. "Essa ingenuidade acabou. A internet invade os lares sem qualquer censura. Seduzir nossos filhos se tornou ainda mais fácil. Amor e carinho são as armas que uso para proteger minhas filhas".

Alex PimentelColaborador
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"A gente usa essas pulseiras sem qualquer maldade. Mas reconheço, sempre surge alguém para se aproveitar da situação"Elane Lima Bezerra18 anos
Estudante

"Não sou favorável à proibição. Acho que por meio de conscientização podemos chegar a um denominador comum"
Roberto Bezerra
42 anos
Professor

"Geralmente os jovens não se importam com as consequências de seus atos. Para evitar o pior é melhor proibir"
Gladson Alves do NascimentoPresidente da OAB Quixadá



Fonte:Diário do Nordeste

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