Açude Cedro na fila da aposentadoria

O volume do açude Cedro deve voltar a crescer após sua aposentadoria, ainda este ano. O reservatório não sangra desde 1989 e, há duas décadas, não ultrapassa metade da capacidade. Uma nova adutora será construída no outro açude de Quixadá, o Pedras Brancas

O açude Cedro, em Quixadá, a 158 quilômetros de Fortaleza, deve ser aposentado ainda este ano. O reservatório é o mais antigo do Brasil, inaugurado em 1906, e não será mais usado para abastecer a cidade. A decisão deve fazer com que a barragem volte a acumular água satisfatoriamente, após um século enfrentando as secas do Sertão Central.

A Secretaria dos Recursos Hídricos (SRH) licitou a construção de uma adutora, de 24,5 quilômetros, em Quixadá. A tubulação levará água de outro açude da cidade, o Pedras Brancas, até a unidade da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece). A obra deve custar R$ 20,4 milhões e tem prazo de 240 dias para conclusão. A ordem de serviço será assinada no ia 19, pelo governador Cid Gomes.

Com a adutora inaugurada todo o volume de água usado para abastecer Quixadá será oriundo do Pedras Brancas, aposentando assim o Cedro. A nova tubulação é necessária porque a adutora existente no Pedras Brancas se tornou obsoleta e não suporta a demanda. Já o Cedro não é capaz de fornecer água em qualidade desejável.

O açude está sem sangrar desde 1989 e, assim, não renova sua a água de forma satisfatória. O fato acelera o surgimento de matéria orgânica e diminui a qualidade da reserva hídrica. Um outro agravante é a poluição causada por ser uma barragem localizada no centro urbano. Não é raro encontrar lixo no espelho d-água. A Cagece decidiu, em agosto de 2009, suspender a captação de água no Cedro, por falta de condições.

Volume baixo
Dados do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) detalham que o Cedro não ultrapassa 40% de seu volume há duas décadas. O percentual hoje está em 28%, conforme a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh). A aposentadoria deve fazer com que o açude tenha maiores acumulações. A barragem é tombada pelo Instituto Nacional do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e é o principal ponto turístico da região.

O engenheiro agrônomo Yuri Castro, da Cogerh, ressalta que existe a possibilidade de o Cedro voltar a sangrar após a aposentadoria. ``Nunca podemos dizer que não. Se um açude não tem mais utilização, vai ter recargas maiores, e com maior frequência``, explica. O reservatório, em 103 anos, sangrou apenas seis vezes e também chegou a secar totalmente, como há onze anos.


E-Mais

> O açude Cedro foi inaugurado em 20 de junho de 1906. A construção havia começado em 15 de novembro de 1890.
> A obra é de propriedade do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) e declarado patrimônio nacional pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

> Pela importância histórica, localização na malha urbana e beleza de sua composição, o açude é considerado o principal ponto turístico de Quixadá.

> As sangrias registradas até hoje no açude Cedro aconteceram em 1924, 1925, 1974, 1975, 1986 e 1989.

> O reservatório possui capacidade para armazenar 126 milhões de metros cúbicos. O volume atual está em 28%l do total. No fim da quadra chuvosa de 2009, o volume chegou a 37% - havia iniciado aquele ano com apenas 4$. 


Fonte:Revista Central

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