Carro-pipa abastece cisternas


As cisternas de placas que armazenaram água das chuvas já estão secas, esperando pela Operação-Pipa

Quixadá. A maioria dos reservatórios do Estado ainda apresenta excelente volume de água. Os dados mais recentes da Companhia de Gestão de Recursos Hídricos (Cogerh) apontam níveis superiores a 80 %. O Tijuquinha, no município de Baturité, continua sangrando. Apenas o Cedro, em Quixadá, no Sertão Central, está abaixo da média, com 31% de sua capacidade. Este diagnóstico hídrico é a principal causa da redução para quase a metade do programa emergencial de abastecimento das comunidades rurais, o Operação Pipa.

O coordenador do programa no Estado, major Neyton Araújo, já havia previsto demanda inferior a dos últimos anos para este período de estiagem. O inverno foi rigoroso. Todavia, além da utilização variada, secando os reservatórios antes da próxima quadra chuvosa, onde há cisterna a população tem reivindicado o abastecimento sistemático dos carros-pipas.

As cisternas foram construídas para armazenar água de chuva durante o primeiro semestre. Deveriam servir para atender à demanda de água potável durante a estiagem do segundo semestre. Muitas famílias, porém, utilizam o recurso para cozinhar e no banho. Nem chega a metade do período de estiagem, as cisternas já estão secas, precisando de abastecimento pelo carro-pipa.

Essas demandas são analisadas pela Defesa Civil e dependendo da necessidade os técnicos do órgão estadual liberam o roteiro. No Ceará, atualmente, 351.140 pessoas são beneficiadas. São 343 carros-pipa circulando pelo Interior.

De acordo com o coordenador executivo da Defesa Civil do Ceará, tenente-coronel Wiliam Lopes, este ano 58 municípios já receberam a liberação. Outros cerca de 70 fizeram a solicitação e aguardam as inspeções. Talvez não cheguem à tempo, caso se confirmem as chuvas da próxima estação. Os números variam. Sempre surgem pedidos. Mas a tendência e atender uma quantidade bem menor. Os açudes estão cheios. Na maioria das vezes a distância dos mananciais é o principal fator. Mesmo assim são algumas áreas isoladas. O assessor técnico da Cáritas no Ceará e membro do Fórum Cearense pela Vida no Semiárido, Alessandro Nunes, avalia como emblemático o tratamento da questão da segurança hídrica no Estado.

"As cisternas são aporte para a melhoria da qualidade de vida na zona rural, em áreas onde não há o abastecimento regular de água, e não como solução definitiva para o suporte humano", faz questão de afirmar.

Para ele, enquanto o Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC) não atinge sua meta, é preciso ter consciência quanto ao consumo da água captada no período chuvoso. Ele considera que, ao mesmo tempo, os governantes deveriam se preocupar um pouco mais com a estrutura de abastecimento. As grandes obras não são solução para o problema no Interior. Estão focadas para a agropecuária, segundo avalia. Nunes vê a Operação Pipa como um ótimo "pretexto politiqueiro". Uma forma de continuar mantendo o homem do campo atrelado ao poder público.

A coordenadora do P1MC no Sertão Central, Odalea Severo, estima que, desde sua implantação, em 2003, por meio da Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA), foram construídas quase 400 mil cisternas no Nordeste. Os números oficiais no Ceará são de 38.503 reservatórios. O programa ainda não ultrapassou 40% do proposto, mesmo tornando-se política pública, com apoio do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Governo do Estado e prefeituras.

Mais Informações:
Fórum Cearense pela Vida no Semiárido, (85) 3231.4783
Operação Pipa - (85) 3255.1646
Defesa Civil do Ceará, (85) 3101. 4571



Fonte:www.diariodonordeste.com.br


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