Vandalismo nas praças de Quixadá


Quixadá. Abandono e vandalismo. Na opinião de boa parte da população, os maiores problemas nas praças públicas das cidades espalhadas pela região Central do Estado estão na falta de manutenção e na destruição do patrimônio público. Jardins estão mal cuidados, há pouca arborização, bancos quebrados, muita sujeira e até falta de iluminação. Esse é o diagnóstico encontrado na maioria desses espaços coletivos. Além desses problemas, em praticamente nenhum deles existe área de lazer para as crianças, a não ser passeios de velocípedes e brincadeiras de correr.

De dia, geralmente, o movimento apenas de transeuntes e ambulantes. De quem vai e quem vem a algum compromisso. O gosto pelo passeio ou encontros nas praças é intenso mesmo durante as noites. A estudante Naira Ferreira Sobrinho, 19 anos, tem na ponta da língua a justificativa para o comportamento urbano: "além de mal conservadas, as nossas praças praticamente não possuem árvores. Não há quem agüente passar horas sob esse sol escaldante". A opinião é comungada pelo namorado e comerciário, Felipe Damasceno.

Para eles e mais uma dezena de pessoas abordadas pela reportagem, talvez seja esse o motivo para as depredações ocorrerem mais durante as noites. O vigia Valdecir da Silva concorda. "As pessoas parecem não se importar em danificar e sujar nossas praças". Nos sete anos da atividade, ele já flagrou muitos atos de vandalismo noturno, a maioria praticados por adolescentes. Ele pretendia até citar alguns, mas a entrevista foi interrompida. Foi obrigado a retirar alguns jovens de cima dos encostos dos bancos.

Todavia, manter vigilância constante em cada uma delas acarreta um ônus considerável para os municípios. O secretário de Obras Edificações e Vias de Quixadá, Paulo Stênio Fernandes, responsável pelo serviço de manutenção na sua cidade, estima gastos mensais da ordem de R$ 5 mil para cada praça. Ele atribui à própria população parte do problema.

Familiarizado com a situação, a gestão municipal anterior lamenta o comportamento de alguns em relação ao patrimônio público, e a falta de responsabilidade coletiva. "Enquanto essa mentalidade persistir, nossas praças não terão belos e floridos jardins", completa.

Acerca do questionamento dos moradores sobre a "desertificação" dos passeios públicos, o secretário municipal de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente, Joaquim Gomes Neto justifica haver funcionalidades diferenciadas para as praças de Quixadá. No caso da José de Barros, a mais tradicional delas, é destinada a realização de grandes eventos. Do carnaval ao Natal, é onde as festividades são realizadas. A finalidade de interesse coletivo impossibilita a transformação dos mais de 10 mil metros quadrados num bosque em pleno coração desta cidade.

Boa Viagem
Situação similar ocorre na praça Monsenhor José Cândido, em Boa Viagem. Naquela área, além da fonte, a funcionar em datas especiais, está exposta uma das maiores esculturas de bronze de todo o Estado. A dama e o alferes, com o alazão deitado diante deles, símbolos da origem do Município, repousam à apreciação do público diante da Igreja Matriz e do Paço Municipal. Como além dos atos cívicos, todas as festas, inclusive as religiosas, são realizadas naquele local, o imenso pátio continua a céu aberto.

Jardinagem
Especializado em design e decoração, Joaquim Neto vê como saída para a jardinagem desses espaços a utilização de vegetais resistentes, característicos da região. Cita cactáceos e arbustos como alternativas. Além de suportarem o clima árido, sendo a água um recurso escasso e precioso, principalmente no Sertão, os espinhos dificultam a rapina, como ocorre quando flores e rosas são plantadas.

Ele ainda justifica a escassa arborização na praça da Cultura, onde está situado o Chalé da Pedra. Plantando árvores de grande porte, como mangueiras, no entorno da exótica edificação, uma das mais interessantes atrações turísticas de Quixadá, ao longo dos anos não será mais possível apreciá-la à distância. "A opção paisagística será o plantio de palmeiras imperiais, decisão tomada com o aval da comunidade", assegura.

Em Quixeramobim, considerado o segundo maior centro urbano do Sertão Central, a Secretaria de Ação Social desenvolveu um projeto especial para solucionar o problema. Um grupo de mulheres de baixa renda, moradoras da periferia, recebeu capacitação e passou a realizar o trabalho de jardinagem nas praças. Com o encerramento, elas foram aproveitadas por uma empresa terceirizada.

Mais informações
Prefeitura de Quixadá - (88) 3412.3864
Pref. de Quixeramobim - (88) 3441 1326
Pref. de Boa Viagem - (88) 34271132



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