Mulheres mobilizam-se no combate à violência


Delegacia especializada e maior assistência à saúde são reivindicações das mulheres para este ano no Sertão Central

Quixadá. A mobilização feminina na maior cidade do Sertão Central nas comemorações da Semana da Mulher começa nesta manhã dentro das salas de aula. Até a próxima quinta e sexta-feira, quando serão realizadas grandes passeatas pelas ruas de Quixadá, equipes da coordenadoria de políticas para as mulheres no município terão visitado todos os estabelecimentos de ensino público da cidade promovendo rodas de conversa.

O objetivo é sensibilizar os jovens e as crianças sobre a importância social da população feminina. A melhor garantia para a redução dos índices de violência e da desigualdade entre gêneros está no diálogo, segundo os organizadores. Para combater esses problemas a educação é um importante instrumento de conscientização coletiva, acredita a representante da Coordenadoria de Defesa das Mulheres de Quixadá, Sheila Gonçalves da Silva.

No próximo dia 5, haverá ato público com caminhada do Fórum de Justiça Dr. Avelar Rocha até a Praça José de Barros. Na manifestação, mais de dois mil participantes reivindicarão a construção da Delegacia Especializada da Mulher e a criação da Vara da Violência Doméstica e Familiar. São esperados representantes de Quixeramobim, Ibaretama, Banabuiú e Choró. Na oportunidade será lançada campanha para coleta de 13 mil assinaturas.

O movimento prossegue nos dias seis e sete com homenagens às primeiras-damas e vereadoras de Quixadá. Na manhã da sexta-feira, elas receberão medalhas de destaque político, em sessão especial a ser realizada na Câmara Municipal. À noite, haverá entrega da comenda Luiza Henrique a cinco mulheres que se destacaram na luta por políticas públicas para o gênero no município. Na noite seguinte haverá exibição cinematográfica na Praça da Cultura, no Centro da cidade, com o filme “Mulheres na tela do cinema”.

As comemorações se encerram no domingo, Dia Internacional da Mulher, com noitada cultural na Praça José de Barros. As prefeituras da região, conselhos municipais, sindicatos, organizações não governamentais e associações irão expor em estandes suas ações desenvolvidas em prol da mulher. Uma esquete abordará aspectos da Lei Maria da Penha e no enceramento, será apresentado o musical “Vozes femininas no enfrentamento à violência”.

Ações de amparo

A expectativa das organizadoras é atrair pelo menos cinco mil pessoas para o movimento, incluindo os homens, e consolidar ainda mais as ações de amparo à mulher na região.

Por conta dessa luta, há mais de uma década, Quixadá se destaca no cenário regional e nacional. Além de ser o primeiro do País a implantar políticas publicas de eqüidade, conta com um Centro de Referência para amparo às vítimas de violência e, em breve, terá um abrigo especial.

“São conquistas alcançadas através de movimentos organizados”, comenta Neiva Esteves, presidenta do Conselho da Mulher no município.

Movimento paralelo

Quem também se mobilizam são as trabalhadoras rurais do Sertão Central. Na manhã do dia seis elas marcham pelas ruas de Quixadá em protesto por melhorias no atendimento à saúde da mulher. Reconhecem que nesse aspecto são mais frágeis que os homens. Os acentuados números de casos de câncer de mama e de útero são provas da preocupação. Até a data do movimento público, realizado desde 1995, se reúnem em oficinas voltadas à assistência da agricultora.

Na opinião da mobilizadora sindical, Fabiana Silva, até os sindicatos, que outrora constavam com a identificação somente no gênero masculino, mudaram suas siglas. Agora, as instituições classistas dos agricultores são denominadas Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais. Nos discursos públicos os políticos também tomam o cuidado de saudar o público distinto: Meus amigos e minhas amigas ... “Mesmo assim ainda é pouco. A luta continua”, destaca a líder.

Ao longo do ano de 2008, o Centro de Referência da Mulher de Quixadá contabilizou o total de 525 casos atendidos, com o encaminhamento de 114 deles para a Justiça, com realização de sete audiências.

Mais informações:
Coordenadoria de Defesa das Mulheres de Quixadá, (88) 3414.6425; Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Quixadá, (88) 3412.0481


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