SERTÃO DOS INHAMUNS > Unidade de Conservação de Crateús começa a surgir

Do Diário do Nordeste Online



Um dos objetivos é conservar o patrimônio histórico e também preservar os recursos naturais do Rio Poti


Crateús. Em breve, será criada neste município a primeira Unidade de Conservação (UC) e levará o nome de Cavaleiros da Esperança, em alusão à passagem da Coluna Prestes pela cidade, em 1926. A iniciativa é da Secretaria Municipal de Meio Ambiente. A área é localizada na zona urbana da cidade, em um terreno particular de pouco mais de 15 hectares, localizado na margem esquerda do rio Poti, na localidade chamada Boa Vista, zona periférica da sede do município de Crateús.
Local é conhecido como "cemitério dos revoltosos", onde estão os túmulos do tenente Tarquínio e do cabo Cabeleira, membros da Coluna Prestes FOTO: SILVANIA CLAUDINO
Situada entre o bairro Ponte Preta e o manancial do rio Poti denominado popularmente de Poço da Roça, o local vem sofrendo significativos impactos ambientais. A extração de argila para fabricação de telhas e tijolos, o desmatamento e a pecuária são as principais causas do processo de degradação do ambiente.

O estudo técnico foi realizado, bem como a consulta pública à população, condições necessárias para a criação da UC, que tem como objetivo promover a preservação da Área de Proteção Permanente (APP) e melhoria da qualidade da água do Rio Poti, promover a conservação do patrimônio histórico cultural do cemitério dos cavaleiros da esperança, contribuir para melhoria do clima na zona urbana, além de proporcionar interação do homem com a natureza em um ambiente preservado.

De acordo com o estudo técnico, assinado pelo geógrafo e mestre em meio ambiente e desenvolvimento, Ewerton Torres Melo e colaboração de Daiana Lopes, o local possui significativo potencial para ser transformada na primeira Unidade de Conservação do município de Crateús, deve ser protegida integralmente, com indicação para a categoria Monumento Natural, pelo fato de ser uma área pequena, em bom ou médio estado de conservação com, pelo menos, um atrativo extremamente relevante e com beleza cênica.

O local, entre a margem do rio Poti e o "Campo dos Cavaleiros da Esperança" é conhecido pela população de Crateús como "cemitério dos revoltosos", onde estão os túmulos do Tenente Tarquínio e do cabo Cabeleira, homens da Coluna que morreram em confronto aqui na cidade por ocasião da passagem do movimento liderado por Miguel Costa e Luís Carlos Prestes. Aqui, foi o único local do País onde ocorreu confronto entre membros do movimento e as forças legalistas. Até hoje alguns moradores de Crateús prestam homenagens aos dois combatentes ali enterrados, levando flores, velas e garrafas com água.

Preocupação

Conforme o secretário municipal de Meio Ambiente, Wanderley Marques o local precisa ser preservado, pois já sofreu degradações. "É uma área importante para o município, tanto no aspecto natural, como cultural e é necessário que seja conservada", frisa o secretário.

Segundo o estudo técnico, na área "ainda é possível encontrar importantes fragmentos de mata-de-galeria, que são coberturas vegetais essenciais para a manutenção do clima local, abrigo de fauna e estabilização das margens do rio.

O estudo propõe a preservação levando em consideração o clima da área.

Apesar da caracterização climática local apresentada pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece) ser Tropical Quente Semiárido, com a temperatura média anual elevada durante todo ano, em torno de 26,7°C, com os meses do trimestre outubro/dezembro ultrapassando, quase sempre, o patamar dos 28,5°C, esta área é dotada de um microclima diferenciado no contexto da zona urbana.

O conforto térmico em relação às demais áreas construídas da cidade é perceptível a qualquer hora do dia. "Portanto, trata-se de uma área extremamente importante para a regulação do clima local, contrastando o microclima da área central da cidade que se tornou extremamente quente e seco devido à falta de áreas verdes nas proximidades", destaca o relatório.

Refúgio

Biologicamente, o relatório diz que a maior parte da área está situada em uma planície fluvial, apresentando boas condições hídricas e solos férteis, favorecendo, portanto, a instalação de uma cobertura vegetal caracterizada pela fisionomia de Mata de Galeria ou Ciliar.

Foram identificadas 23 espécies de árvores nativas da região no local (angico, canafístula, catingueira, carnaúba, juazeiro, mandacaru, oiticica, jurema-preta e mufumbo, entre outras), com predomínio das duas últimas, e uma espécie exótica, algaroba, constatando que a área possui uma diversidade bastante expressiva de espécies arbóreas.

"Assim como a flora, a fauna encontrada nesse local também é riquíssima em número de espécies, quando se refere ao tamanho da área, e que apesar da larga destruição de habitat, é possível ainda observar a presença de muitos animais silvestres", destaca o estudo, atestando que "a disponibilidade de água por meio do "poço da roça" e o fragmento conservado da mata de galeria deram condições para se estabelecer nesse local um refúgio da vida silvestre na periferia de Crateús".

Novo nome

O cemitério ganhou recentemente uma nova denominação, chama-se "Campo Cavaleiros da Esperança da Coluna Prestes". Esta iniciativa partiu do Governo Municipal com intuito de valorizar esse espaço que é um registro importantíssimo da história do nosso país e claro do município de Crateús.

Desse modo, esta área tornou-se um dos grandes atrativos para o turismo histórico e cultural da cidade, além de ser um espaço importante para pesquisas e práticas educativas.

Espaço
15 hectares de um terreno particular será o tamanho aproximado da área localizada na zona urbana da cidade, que irá abrigar a Unidade de Conservação

Mais informações
Secretaria Municipal de Meio Ambiente - Crateús
Centro de Treinamento
Telefones: (88) 3691.0110/
(88) 3692.3315

SILVANIA CLAUDINO
REPÓRTER
 

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