Homenagens cristãs na Terra dos Monólitos




DIA DE FÉ

Homenagens cristãs na Terra dos Monólitos

Procissões, cerimônias e provas esportivas marcam dia dedicado ao padroeiro das famílias, dos agricultores e do Ceará no Sertão Central

Quixadá

Ainda era madrugada quando os sinos começaram a dobrar na Igreja Matriz de Jesus Maria José. Despertavam os fiéis para os cortejos em louvor ao “santo das chuvas”. No mesmo instante atletas se concentravam na praça José de Barros e beatas acendiam velas na capelinha do Custódio, a 23km do Centro de Quixadá. Era o anúncio do início da festa religiosa em homenagem ao padroeiro do Ceará e dos lavradores. Rendiam gratidão pelo bom inverno no Sertão a se anunciar no início do mês. A terra molhada e o verde brotando na roça são sinais de prece alcançada.

Nem havia amanhecido quando centenas de devotos partiram em procissão para a igreja de São Francisco de Assis. Nos últimos anos as portas da casa do defensor dos pobres se abrem para acolher o patriarca da família divina, como o padroeiro é citado na liturgia, e seus devotos. Ali os fiéis ouviram um duro sermão do bispo diocesano de Quixadá, dom Ângelo Pignoli. “Sem a fé verdadeira de José entregaremos os pontos. A fé de José é inabalável, mais que a chuva e todas as benções. É momento de celebração espiritual e não apenas de devoção”.

Na homilia o bispo ressaltou que a Igreja vive uma crise de fé. “São José é o protetor das coisas pequenas. As manifestações da fé também são muito pequenas”. O salão religioso, lotado, aplaudiu. No decorrer das críticas o presidente do culto ainda confessou para os fiéis que 19 de março era um dia muito especial para ele. Completava 33 anos de sacerdócio. Mais uma vez o público aplaudia o missionário italiano que assumiu a diocese de Quixadá logo após seu ordenamento episcopal, aos 11 de março de 2007. Aprovavam o discurso do líder espiritual.

Três horas depois, enquanto dezenas de maratonistas e ciclistas corriam atrás da fé, na X Corrida de São José, outra marcha, religiosa, a do Custódio, percorria a vila rural que tem o pai de Jesus como seu protetor. Depois do culto sob sol a pique, um batizado coletivo, uma cerimônia de casamento e o arreamento da bandeira marcavam o encerramento das festividades iniciadas na comunidade no último dia 10 e o início das comemorações do centenário da igrejinha do mais antigo distrito de Quixadá.

SAIBA MAIS

Segundo historiadores, o culto a São José começou provavelmente no Egito. Mais tarde passou para o Ocidente, onde alcançou grande popularidade. Em 1870, o papa Pio IX proclamou o santo “Patrono da Igreja Universal”. Desde então passou a ser cultuado no dia 19 de março, todavia, em 1955, outro papa, Pio XII, fixou o dia 1° de maio como dia oficial de “São José o operário de Deus”.

Apesar da mudança o povo nordestino continua comemorando o dia santo aos 19 de março. Por conta da devoção dos cearenses São José se transformou em padroeiro da “Terra da Luz”. A homenagem está associada à tradição popular e aos “Profetas da chuva”. Esta data tem grande significado, pois se até esse dia houver chuva o inverno estará garantido. Curiosamente a data coincide com o equinócio.



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